NÃO SOMOS O DESTINO FINAL DE NOSSA BENÇÃO
Durante muito tempo falei mal dos adeptos da “filosofia macediana” implantada e difundida, em larga escala, pela igreja universal do reino de Deus, pois, até então, postulava que todos os que iam aos cultos ritualísticos desta “igreja” iam, tão somente, para fazer uma barganha com Deus, uma vez que se os mesmo agissem de certa maneira, contribuindo financeiramente, obteriam a tão esperada “benção de Deus” (carros do ano, motos possantes, apartamentos de luxo, entre outros utensílios que são indispensáveis para que uma pessoa mostre quem ela realmente não é).
Pois bem, eu os julgava e dizia que os mesmo buscavam a Deus somente pelo que ele pode dar. Não somente isso, fundamentava esta tese dizendo que os mesmos só agiam assim porque não liam a bíblia, não a estudava, o que é verdade, mas este argumento não serve para o ponto onde quero chegar.
Depois de um tempo, passei a analisar a mim mesmo e aos meus “irmãos tradicionais”, foi aí então que, assim como Paulo, fui elevado ao terceiro céu, onde mortal algum pode ir. Deus através de sua mensagem simples e de sua voz doce, levou-me a entender que faço uma coisa que sou totalmente contra: achar que Deus é supermercado. Sim, pois, pude perceber, que não muito diferentemente dos universalistas, mundialistas, internaciomalistas e todas essas outras papagaiadas evangélicas, eu também estava buscando a Deus somente pelas benesses advindas de sua graça. Ou seja, só o buscava quando precisava de alguma coisa, assim como agente faz com o supermercado, só vamos até ele quando precisamos de alguma coisa que o mesmo pode nos oferecer.
E quando e como pude perceber isso? Através da oração. Percebi que, não somente as minhas, mas todas as orações, ou quase todas as orações que fiz e ou ouvi, e inclusive disse AMEM ao final, não foram orações que buscavam contemplar a graça divina, reconhecer as maravilhas operadas na minha vida e através dela, mas eram orações que visavam única e exclusivamente beneficiar o autor da oração;
- Deus, eu venho neste momento te pedir pela minha saúde, pela saúde da minha família, oh Deus pelo meu trabalho, oh pai abra esta porta de emprego na minha vida, Deus permita que aconteça isso, oh Deus que se faça aquilo outro. E assim ia. Uma lista infindável de atividades que eu queria que Deus fizesse, mas, TUDO ISSO SE FOR DA TUA VOLTADE OH PAI. MENTIRA E MAIS MENTIRA. Ao final sobravam alguns agradecimentos, mas a gratidão não superava a “pedição”.
Senti me envergonhado quando cheguei ao terceiro céu e vi a cena: Deus em seu alto e sublime trono e a sua destra Jesus, e eu, pequenino, diante deles. E Deus me disse:
- Diga meu filho, por que você veio até mim?
E eu disse:
- Senhor preciso de ajuda, estou com câncer, quero a sua cura.
- Então você só veio até mim porque está doente. Quando estava bom não me procurou?
- Procurei sim senhor, da ultima vez vim lhe pedi para me abençoar para eu passar em um concurso.
- entendi. Você vem até a minha presença (em oração) somente para pedir, ou seja, quando lhe falta algo?
- é. Acho que sim.
- Então me diga filho, por que eu deveria te abençoar, por que eu deveria atender ao seu pedido?
Desde então, todas as vezes que vou orar, essas perguntas me vem a mente, como um murro do pugilista Acelino “popo” Freitas; Por que eu deveria te abençoar, por que eu deveria atender ao seu pedido?
Até hoje não sei a resposta para esta pergunta, se é que existe uma resposta para ela. Mas sei que quando ele atende a um pedido, o faz, tão somente, pela sua graça e misericórdia, pois elas são as causas de não sermos consumidos. De modo que, se recebo algo que não mereço, devo, no mínimo, compartilhar e usufruir esta dádiva com meus irmãos e semelhantes.Não sou o destino final da minha benção, pois não sou merecedor da benção que recebo.
SAULO SILVA