Reflexões de uma manhã sombria

Fiquei refletindo bastante sobre o que aconteceu naquela escola no Estado do Rio de Janeiro e busquei sair um pouco da emoção e da revolta por ver tantos adolescentes inocentes morrerem de forma tão brutal (minha oração constante é para que o Senhor Jesus conforte as famílias dessas vítimas e que os crentes próximos a esses familiares sejam instrumento de Deus para dar todo o apoio que precisarem) e fiquei pensando no que poderia estar por trás daquela atitude daquele jovem que numa manhã tão linda resolve subjugar pessoas e matá-las como se fosse a coisa mais natural do mundo. O que leva a uma pessoa se sentir tão inferior e tão insignificante, a ponto de se tornar tão vingativa? Fiquei me perguntado: qual a história familiar dessa pessoa? Será que a família dele nunca o percebeu a ponto de enxergar que aquele jovem precisava de ajuda? Que tipo de ser humano nossa sociedade têm produzido, através dos seus valores capitalistas que fazem uns pisarem nos outros? Cadê o serviço de saúde pública digna nesse país que nos cobra impostos exorbitantes e que não tem tratamentos adequados de saúde para as pessoas, sobretudo pra pessoas como esse jovem esquizofrênico? Cadê os projetos políticos consistentes e de longo prazo para promover a transformação da realidade do povo brasileiro por parte do poder público? CADÊ OS MILHÕES DE EVANGÉLICOS DO BRASIL QUE, EM GRANDE PARTE, NÃO ESTÃO CONSEGUINDO SE QUER MUDAR SUAS VIDAS, QUANTO MAIS A NOSSA SOCIEDADE? E começaram a vir pensamentos em minha mente, que como ser humano que sou, queria respostas, PORÉM SÓ ME VINHAM PERGUNTAS E QUANTO MAIS RESPOSTAS BUSCAVA, MAIS PERGUNTAS VINHAM.

Queridos, a atitude horrível desse jovem reflete a podridão de muitos dos nossos valores sociais. Quantos vezes ouvi (e você também já ouviu) de diversos tipos de pessoa dizendo que “quem não tem curso superior não é ninguém nesse mundo”, ou frases do tipo “quem não fala pelo menos dois idiomas é um zero à esquerda” ou seja, não se faz mais um curso superior ou qualquer outro curso, para se adquirir conhecimento, mas para ser aceito na nossa sociedade. Quantos compram um carro não pela necessidade de se locomover com mais eficácia, mas para ser melhor visto na sociedade, que diz que quem tem carro subiu da classe pobre para a classe média. Nossa sociedade tem produzido lares aonde cada um tem uma TV no seu quarto e vendo o mesmo canal, ao invés de estarem juntos de alguma forma e por algum motivo. Nossa comunicação agora é virtual, perdeu o contato físico. Estamos perdendo a habilidade de viver em comunidade, como gente que somos. Quantos estão perdendo a saúde querendo manter a beleza física, tudo isso pra ser mais aceito na nossa sociedade. QUE SOCIEDADE É ESSA QUE NÃO NOS ACEITA COMO SOMOS? Agora vem outra pergunta: NÓS CRENTES TEMOS SIDO DIFERENTES DISSO? EU, JORJÃO, TENHO SIDO DIFERENTE DISSO? NOSSOS LÍDERES ESPIRTUAIS TÊM SIDO DIFERENTES DISSO? As pesquisas dizem que o número de evangélicos cresce exorbitantemente a cada ano, MAS NÃO VEMOS TRANSFORMAÇÕES SOCIAIS E MORAIS SIGINIFICATIVAS ACONTECENDO À NOSSA VOLTA! PARECE QUE É UM CRESCIMENTO VAZIO, POIS A CORRUPÇÃO, A FALTA DE ÉTICA, A VIOLÊNCIA, A IMORALIDADE, A DESTRUIÇÃO DA FAMÍLIA, A HOMOSSEXUALIDADE E TANTOS OUTRAS COISAS QUE EXISTEM NO CONTEXTO DE NOSSA SOCIEDADE E QUE BÍBLIA SAGRADA CONDENA, NÃO DIMINUIRAM (quero frisar aqui que ninguém é obrigado a concordar com o que estou escrevendo e não é uma crítica pessoal a ninguém. Como estou num país livre e a Constituição Brasileira me dá liberdade de expressão, me dou o direito de compartilhar com vocês minhas inquietações).

Diante do exposto, que tipo de ajuda GRANDE PARTE DE NÓS EVANGÉLICOS podemos dar à pessoas como aquele jovem inconseqüente e doente, se nós, os auto-proclamados “povo de Deus”, em grande parte, ESTAMOS DOENTES TAMBÉM. No excelente livro “De pastor para pastor”, o Reverendo Hernandes Dias Lopes afirma que “vivemos uma grande crise de liderança nas Igrejas Evangélicas do Brasil” e eu concordo plenamente com ele. Ouvi uma frase essa semana no Seminário do grande pastor, professor e amigo Valdir Stephanini, que “nossas igrejas quase não tem mais cheiro de gente, mas de shopping centers”. Isso é grave amados. Se a Igreja do Senhor, que diz ter a resposta pros problemas da nossa Sociedade tem como valores o TER em detrimento do SER, tenho que concordar em parte com os pessimistas: ESTAMOS PERDIDOS!

Penso que estamos num período aonde não temos que buscar resposta pra tudo isso não! Temos que começar a fazer as perguntas certas pra nós mesmos, SOBRETUDO NÓS LÍDERES ESPIRITUAIS! Os grandes teólogos dizem que Deus age e faz grandes transformações quando o servo dEle se encontra em crise. AMADOS, PRECISAMOS ENTRAR EM CRISE URGENTE! PRECISAMOS ENTRAR NUMA CRISE QUE NOS FAÇA VOLTAR À SIMPLICIDADE DO EVANGELHO! ESTAMOS MUITO SOFISTICADOS (nada contra a tecnologia, muito pelo contrário), Precisamos retornar para Deus e para a sua vontade. Precisamos voltar a crer em Jesus Cristo de forma simples e despretensiosa, nos esvaziando de nós mesmo para que Ele possa, realmente, nos fazer um poderoso instrumento de transformação neste tempo, para que possamos ajudar a nossa sociedade a não produzir mais doentes como aquele jovem que tirou a vida de tantos, pois não conheceu o VERDADEIRO AMOR (não estou aqui defendendo-o, mas buscando ver o que estava por trás dessa atitude).

Cada dia tenho mais certeza de que eu, como servo de Cristo, tenho que ser instrumento dEle para transformar o mundo à minha volta. SÓ O AMOR DO MESTRE VIVIDO GENUINAMENTE PODE TRANSFORMAR VERDADEIRAMENTE O HOMEM, DE DENTRO PRA FORA.

Esse assunto ainda não se esgotou no meu coração, mas no momento é o que tenho a dizer...

Em Cristo, sempre,

Jorjão